Volta ao trabalho vira impasse entre desembargadores suspeitos e STF após fim de afastamento
13/08/2025
(Foto: Reprodução) Desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul afastados.
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Mesmo após o vencimento do segundo período de afastamento, quatro desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) e o sobrinho dele decidiram, por conta própria, não retornar aos seus cargos. Eles aguardam um novo despacho do Supremo Tribunal Federal (STF).
São investigados na Operação Ultima Ratio os desembargadores Alexandre Aguiar Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sideni Soncini Pimentel e Vladimir Abreu da Silva; o conselheiro Osmar Jeronymo, do TCE-MS; e seu sobrinho, Danillo Moya Jeronymo, servidor do TJMS.
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A operação apura suspeitas de venda de sentenças no Judiciário sul-mato-grossense.
O g1 entrou em contato com o STF e com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para obter informações atualizadas sobre a situação dos investigados, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
Segundo o advogado de Osmar Jeronymo, Carlos Marques, a decisão de não retornarem ao trabalho foi motivada pela ausência de manifestação do STF.
"Estamos ligando, insistindo, pedindo e cobrando informações do STF. O processo ainda está na Procuradoria, então talvez por isso não tenha havido despacho. Podemos até reavaliar e retornar, já que o prazo venceu, mas nós estamos aguardando pra evitar prejuízos ao serviço público", explicou.
O afastamento, com duração de 180 dias, proibia os investigados de acessar as dependências do TJMS e do TCE-MS, utilizar os sistemas internos ou manter contato com servidores da Corte.
A operação que resultou no afastamento foi deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2024, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
'Ultima Ratio'
Os desembargadores foram afastados de seus cargos no dia 24 de outubro de 2024, no contexto da Operação Ultima Ratio, que investiga crimes como corrupção e venda de sentenças judiciais.
Durante a operação, foram apreendidas diversas armas nas residências de dois magistrados e mais de R$ 3 milhões em espécie — sendo R$ 2,7 milhões encontrados na casa de um dos investigados.
As investigações apontam indícios de prática dos seguintes crimes pelo grupo:
Lavagem de dinheiro
Extorsão
Falsificação
A Operação Ultima Ratio é resultado de três anos de investigações conduzidas pela Polícia Federal. O nome faz referência a um princípio do Direito que define a atuação do Judiciário como último recurso do Estado para conter a criminalidade.
Dinheiro apreendido em operação que investiga venda de sentenças em MS.
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